Sábado à Noite
Era sábado à noite... O único lugar aberto depois das 22 horas, era uma lanchonete, recentemente inaugurada na pequena cidade australiana à beira-mar, onde moravam meus pais. Entrei lá com um amigo e já estava para me sentar à mesa, quando me chamou a atenção uma Bíblia aberta sobre a mesa ocupada pelos proprietários. "São cristãos", disse meu amigo. Engolindo rapidamente meu café, eu falei: "Vamos sair daqui", e logo fui em direção à porta. Filha da Noite Para mim, cristãos eram desmancha prazeres, tão cheios de retidão e imaculados, sempre dando lições de moral. Eu queria viver! Na escola eu costumava zombar dos cristãos, dizendo que os daria como comida aos leões. Quando vinham os Gideões, que anualmente distribuíam Bíblias, eu as rasgava diante deles e punha fogo nas páginas com o meu isqueiro. Como uma filha da noite, eu me vestia de preto e estava inteiramente envolvida com a vida noturna de Kings Cross, Sydney, na Austrália. Lá me encontrava com outros tipos das ruas, que tornaram-se a minha família depois que saí de casa aos 16 anos de idade. Perambulávamos juntos pelas ruas. Entretanto, quando tornava a visitar a minha cidade natal, invariavelmente voltava a freqüentar aquela lanchonete, pelo simples fato de estar aberta até altas horas da noite. Para meu aborrecimento, os donos, ex-hippies, costumavam orar. "Você é maluco", falei ao dono uma noite. "Deus não existe! Somente acreditarei em Deus, se puder vê-lo." "Bem", disse Perry, "ore e conte isto para Deus." Encolhi meus ombros com descaso, virei-me e saí. |
Sob o Brilho do Cruzeiro do Sul No quintal da casa dos pais, parei um instante antes de entrar. Era uma dessas noites brilhantes sob o Cruzeiro do Sul, as estrelas grandes e luminosas, e o perfume dos eucaliptos enchendo o ar quente marítimo. Olhando para o céu, lancei o desafio: "O.K., Deus, se você está aí, desça e prove isto para mim." Não sabendo quem era esse Deus, eu só queria saber se existia um, quer fosse Alá, Buda, Krishna ou seja qual for. Evidentemente nada aconteceu e eu fui deitar, sentindo-me justificada. A Prova Final Naquela noite não tive um sono tranqüilo. A nossa cachorra agitada, propensa a acessos de latidos durante a noite, manteve-me acordada a maior parte do tempo. Sempre que eu abria a porta para acalmá-la, a fim de não receber queixas dos vizinhos, um medo irracional apoderava-se de mim. E se Deus estivesse ali fora? Cerca de duas horas da madrugada, saí mais uma vez. Tudo ao redor de mim estava inundado de luz, embora fosse no meio da noite. Uma figura de cabelos escuros e com barba, vestido com uma túnica branca estava parado diante de mim. Instintivamente eu sentia que era Jesus! Não era uma alucinação, pois já há alguns dias eu não havia ingerido álcool, nem drogas. Vi-O colocar Sua mão sobre a cachorra, que em vez de rosnar como fazia com estranhos, deitou-se calmamente aos Seus pés. O Tempo Parecia Ter Parado Mas foram os Seus olhos, o que eu mais reparei. Pude ver neles a majestade, o poder e a santidade do Todo-Poderoso, o grande Eu Sou, o Criador de todo universo, e Juiz da humanidade, que poderia ter-me matado com um olhar. Ao mesmo tempo, vi nos Seus olhos amor e compaixão infinitos, que O levaram ao Calvário para salvar a mim e a humanidade perdida. Mais tarde, ouvi dizer que se os pregos não O tivessem mantido pendurado na cruz, o Seu amor O teria mantido lá. E este amor foi o que eu senti naquele momento, envolvendo-me toda. Este encontro durou apenas alguns momentos, mas para mim parecia como uma eternidade, como se o tempo tivesse parado. Quanto voltei para meu quarto, o meu medo desapareceu e eu tive uma profunda sensação de paz. Então ouvi uma voz dizer: "Peça e você receberá." Bizarro Um incidente bizarro e estranho, que eu preferia esquecer, mas não consegui.Na manhã seguinte, quando entrei na sala, dei de cara com as seguintes palavras na tela da TV: "Peçam e vocês receberão; procurem e vocês acharão." Eram as mesmas palavras que eu ouvira na noite anterior. Agarrei os lados da televisão como uma louca. "Ei! O que você está fazendo?" protestou minha mãe. "Você assiste televisão demais", respondi, e desliguei o aparelho, saindo com uma atitude desafiadora. Fiquei apreensiva. E se Deus fosse real? As implicações seriam chocantes. Eu tinha que saber mais a respeito desse Jesus. Encontrando uma Bíblia, abri-a ao acaso e eu li: "Peçam e vocês receberão; procurem e vocês acharão" (Mateus 7.7 BLH). Entrei em pânico. Fechei a Bíblia com força e joguei-a sobre o aparador, onde ela estivera num canto. A Decisão Um pensamento me perseguia: "Você está perdida. Dessa vez você se meteu em algo profundo demais." Um tipo durão que para nada ligava, que ia em busca de prazer, eu era um tanto difícil de ser convencida, mas o que acontecia não era mera coincidência. Eu O havia visto, eu O havia escutado; lera as Suas Palavras duas vezes, na TV e na Bíblia. Teria que tomar uma decisão. Ou eu escolhia Jesus e tornava-me uma cristã, ou voltava as costas para Ele. Mas, jamais poderia afirmar novamente que Deus não existe. Escolher Jesus significava dizer adeus à minha liberdade, meus prazeres, à animação da minha vida nas ruas. Será que eu agüentaria isto? Quando eu finalmente me entreguei, foi um puro ato de vontade. Alguns dias depois, voltei à lanchonete. "Preciso me tornar uma cristã", disse a um Perry estupefato. Ele e a esposa Sandi logo me levaram para a minúscula cozinha, onde, espremida entre o fogão quente e a janela de grades, falei a Oração do Pecador, frase por frase, repetindo o que eles diziam. Foi um dos momentos mais sem emoção da minha vida. "E o que acontece agora?" perguntei. "Leia a Bíblia e Deus lhe mostrará." E Ele o fez. O Número 666 Comecei com o Apocalipse, o último livro da Bíblia, mantendo o meu padrão de leitura, ou seja: descobrir como termina a história. Queria simplesmente ter a certeza de que eu estaria do lado do vencedor. Havia tantos deuses no mercado. Eu jamais duvidara da existência de Satanás. Através de amigos satanistas, eu sabia que ele era para ser temido e respeitado, mas, no meu entender, ele era mais como um "padrinho" da Máfia, do que como o mais alto deus, porque nem sempre as suas artimanhas eram eficazes. O cristianismo era novo para mim, portanto, eu queria só testar Jesus. O meu espanto cresceu à medida em que lia no Livro do Apocalipse as Suas palavras e as Suas promessas, inclusive a profecia sobre o futuro. Então tive outro choque: o número da Besta. O número 666 há muito me era conhecido, como a canção de uma banda de rock favorita, a "Iron Maiden". Mas nunca soubera que estava na Bíblia. Havia mais coisas nas Escrituras Sagradas do que eu imaginava. O mais importante de tudo é que elas provavam que Jesus é o Vencedor final. Ele destruiria a Besta. Ele voltaria para fazer tudo ficar novo. O Último Elo Aos poucos, Ele convenceu-me dos pecados da minha antiga maneira de viver. Gradualmente fui deixando os maus hábitos e as más companhias e, pela primeira vez em minha vida, comecei a freqüentar a igreja. Para proteger-me, eu sempre levava uma navalha comigo. Quando entreguei esta arma ilegal a polícia, e penhorei a minha jaqueta preta, quebrei o último elo com a minha antiga vida. Finalmente, a mudança em minha vida foi tão visível, que até meus pais notaram. Já com quase 18 anos quando conheci Jesus, comecei a descobrir as coisas das quais Deus me havia poupado. Aquilo que para mim fora o mais difícil de deixar - minha liberdade, meu anseio por diversão e agitação - teria me destruído, se eu os tivesse deixado me dominar como antes. Trajicamente, quase todos os meus companheiros das ruas, desde então, já morreram de overdoses. Certa vez, aconteceu de encontrar-me com alguns velhos conhecidos, e perguntei: "Oi! Vocês se lembram de mim?" Olhando-me cuidadosamente, eles responderam devagar: "Andávamos nos perguntando o que teria acontecido com você. Pensamos que você tivesse morrido há anos atrás." É Preciso Ter Coragem Sempre pensei que os cristãos fossem molengas, mas vejo que é preciso ter coragem para ser cristão. Tive muitas lutas, e algumas vezes pensei que tivesse que largar tudo. Mas, quanto mais eu lia a Bíblia, mais eu conhecia Jesus como pessoa, e foi isto o que me manteve na caminhada. Descobri que Ele era um Deus de amor, e não uma escultura em pedra. Ele não estava ali me espreitando, à espera de que eu fizesse algo errado. Ele estava do meu lado e queria o que havia de melhor para mim. Fugindo? Hoje, quando encontro jovens vestidos de preto perambulando no centro da cidade, ou andando à toda velocidade em suas motos, meu coração fica apertado, pois posso ver-me na maneira em que agem. Quando a gente começa a falar com eles, percebe-se que bem lá no fundo eles estão magoados e sofrendo, mesmo que eles jamais admitam ser isto verdade.A minha maneira de reagir à dor em meu interior, foi a de ser agressiva e rebelde. Alguns tomam drogas. Outros buscam a bebida; enquanto outros se envolvem com sexo. Cada um tem uma maneira diferente para entorpecer a dor. Mas somente Jesus pode curar a dor da sua alma, de tal maneira que você não sofra mais. Bernette. Esta é uma história verdadeira. Para ler mais, escreva-nos para um exemplar grátis de Tudo Começou Numa Discoteca, de M. Basilea Schlink |
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