Certa vez, me contaram a
história de um homem que decidiu fazer certa experiência durante o período de
um mês. Ele planejou visitar as residências em um determinado quarteirão e dar
a cada morador uma nota de 100 dólares, sem qualquer compromisso por parte de
quem recebesse.
No primeiro dia, à medida
que ele passava de casa em casa, os moradores pareciam extremamente
desconfiados de sua sanidade mental. Eles hesitantemente esticavam seus braços
e recolhiam as notas com um certo receio.
As reações foram
semelhantes durante o dia seguinte.
Mas no terceiro e no
quarto dia, a maioria das pessoas havia descoberto que as notas eram
verdadeiras e tinham gasto o dinheiro que haviam assim recebido. Toda a vizinhança
comentava com excitação as notícias da distribuição diária daquelas notas. Na
segunda semana daquela experiência, os moradores já se postavam na entrada de
suas casas, observando atentamente para ver se "o homem dos 100
dólares" estaria chegando. Eles começaram a visitar uns aos outros,
conversando em voz alta nos jardins e na esquina das ruas.
Por volta da terceira
semana, contudo, a novidade das visitas daquele homem parecia estar
desaparecendo. Os moradores apresentavam uma atitude de enfado em relação
àquelas dádivas diárias. O presente havia se tornado "fora de moda".
Na quarta semana, quando a regularidade das visitas daquele homem havia se
tornado firmemente estabelecida, elas passaram a se tornar como parte normal da
vida de cada dia naquela vizinhança.
No último dia do mês o
homem experimentou um esquema diferente. Ele decidiu caminhar pela rua, mais uma
vez, mas não levou dinheiro para distribuir. Ao fazer isto, aconteceu um
fenômeno muito estranho. Os moradores gritavam com raiva: "Onde está o
nosso dinheiro?", ou lhe diziam, a altos brados: "Como você se atreve
a não me dar os meus 100 dólares de hoje?"
O que tinha acontecido? As
pessoas chegaram a ponto de esperar e de mesmo exigir alguma coisa que originalmente
lhes havia sido dada como um presente que não mereciam. Elas começaram a sentir
que aquele homem lhes "devia 100 dólares por dia."
Este é um exemplo de como
nós, às vezes, agimos para com outras pessoas e também para com o Senhor. Tudo
na vida começa como um presente, nossas famílias, nossos amigos, nossos bens
materiais, nossa saúde. À medida que a vida continua, podemos começar a não dar
valor a estes presentes e começamos a desenvolver a "expectativa" de
como as coisas "devem ser", e quando os presentes são retirados,
podemos nos tornar irados ou nos mostrar exigentes, pensando que temos algum
"direito" a esses bens. Em vez disto, é proveitoso sermos gratos a
Deus e às pessoas, por tudo o que nos é dado.
Alcy Francisco de Oliveira
– Gotas de Esperança