sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Vivendo a Alegria: 200 Citações Selecionadas (E-book GRATUITO)

 


Alegria.

Imersos num turbilhão de sentimentos e solicitações, bombardeados por informação – muitas vezes tóxica, opressiva, rasa –, feridos por receios e ansiedades,  buscamos alegria, como quem busca, sem saber, a essência da vida. Mas não a alegria passageira, conquistada ao obter uma promoção no trabalho ou comer uma coxinha sem peso na consciência: ansiamos por alegria duradoura, cientes talvez de que o estado alegre é o nosso estado natural, perdido em alguma curva da história individual ou da espécie.

A alegria contagia e precisa ser assim: Somos seres gregários, e a alegria verdadeira passa por compartilhar este sentimento com os demais, numa troca luminosa.

Aqui, reunimos uma inspiradora coleção de citações, coligidas de autores os mais diversos, sobre este tema que é saúde para o corpo e o espírito. E, ao final deste volume, oferecemos uma reflexão sobre a conquista da verdadeira alegria, muralha contra o desespero e o vazio que nos rondam como que dia e noite.

 

Para baixar gratuitamente o seu exemplar, CLIQUE AQUI.


sábado, 15 de fevereiro de 2025

A terrível genealogia de Jesus – E por que há espaço na família de Cristo para você, seja quem for

 


Por Timothy Keller

Na Bíblia, o primeiro livro do Novo Testamento, o Evangelho de Mateus, inicia sua narrativa com uma genealogia. Sim, e muitos leitores têm a tendência natural de achar tal sucessão de nomes algo enfadonho e, o que é pior, um tanto sem sentido. Mas o que será que realmente Mateus quer dizer com tal texto?

A essa altura, precisamos nos lembrar da cultura em que ele vivia e escrevia. Vivemos em uma cultura individualista em que as pessoas se recomendam umas às outras com uma lista de diplomas, experiências de trabalho e realizações. Não se agia assim em uma sociedade mais comunitária, orientada para a família. Mateus 1 pode parecer uma genealogia, e é, mas também é um currículo. Naquele tempo, era sua família, sua estirpe e seu clã — as pessoas a quem você estava ligado — que constituíam seu currículo. Assim, a genealogia era um modo de dizer ao mundo: "Este sou eu".

É interessante saber que naquela época as pessoas adulteravam o próprio currículo assim como acontece hoje. Temos a tendência de deixar de fora partes do nosso histórico que talvez não nos deixassem tão bem, e as pessoas faziam o mesmo na antiguidade. Sabemos que Herodes, o grande, expurgou diversos nomes de sua genealogia pública por não querer que ninguém soubesse a ligação existente entre eles. O propósito de um currículo genealógico era impressionar quem o visse com a alta qualidade e a respeitabilidade das raízes que ele descrevia.

Mateus, no entanto, faz o oposto com Jesus. Essa genealogia é assustadoramente diferente de outras da antiguidade. Para início de conversa, ela relaciona cinco mulheres, todas mães de Jesus. Isso não parecerá estranho ao leitor moderno, mas nas sociedades patriarcais da época a mulher quase nunca era nomeada nessas listas, muito menos cinco delas. Seria possível chamá-las de "proscritas pelo gênero" nessas culturas. Contudo, figuram na genealogia de Jesus. Além disso, a maior parte das mulheres do currículo de Jesus eram gentias (Tamara, Raabe, Rute). Eram cananeias e moabitas. Para os judeus antigos, essas nações eram impuras; não tinham permissão para entrar no tabernáculo ou no templo para adorar. Poderíamos chamá-las de "proscritas pela raça", todavia fazem parte da genealogia de Jesus.

Existe outro aspecto surpreendente nessa genealogia. Ao nomear essas mulheres em particular, Mateus recorda deliberadamente a seus leitores alguns dos incidentes mais sórdidos, repugnantes e imorais da Bíblia. Por exemplo, ele diz que Judá foi o pai de Farés e Zará, cuja mãe foi Tamar (v. 3). Relembre o que aconteceu. Tamar enganou o sogro, Judá, de modo a induzi-lo a se deitar com ela (embora a história completa deixe claro que Judá a tratara com injustiça). Foi um ato de incesto, contrário em toda a Bíblia à lei de Deus. Embora Jesus descendesse de Farés e não de Zará, Mateus inclui os dois, além de Judá e Tamar, para se certificar de nos trazer à memória toda a história. Foi dessa família conturbada que o Messias veio.

Lembre-se também de quem foi Raabe (v. 5). Ela era não só cananeia como também prostituta. Talvez a personagem e a história mais interessantes em toda a genealogia, no entanto, estejam no versículo 6. Ali se diz que na linhagem de Jesus está o rei Davi. Você logo pensa: "Ora, eis alguém que todo o mundo quer ter na genealogia — da realeza!". Contudo, Mateus acrescenta, em um dos grandes e irônicos eufemismos da Bíblia, que Davi era pai de Salomão, gerado "daquela que havia sido mulher de Urias". Se você não soubesse nada da história bíblica, acharia isso estranho. Por que simplesmente não relacionar o nome dela? Ela se chamava Bate-Seba, mas Mateus está nos convidando a recordar um trágico e terrível capítulo da história de Israel.

Quando Davi estava foragido, fugindo do rei Saul para salvar a própria pele, um grupo de homens o acompanhou até o deserto, ficou em torno dele e pôs a vida em risco para protegê-lo. Foram chamados de guerreiros de Davi. Arriscaram tudo por ele, sendo que Urias era um deles, um amigo a quem Davi devia a vida (2Sm 23.39). No entanto, anos mais tarde, depois de se tornar rei, ele viu a mulher de Urias, Bate-Seba, e a desejou. Dormiu com ela. Então providenciou para que Urias fosse morto a fim de se casar com ela. Assim o fez, e um dos filhos dos dois foi Salomão, de quem Jesus descendia. Você sabe por que Mateus deixou de fora o nome de Bate-Seba? Não por desrespeito a Bate-Seba — mas por uma crítica a Davi. Foi dessa família conturbada e desse homem tão falho que veio o Messias.

Portanto, temos aqui forasteiros morais — adúlteros, gente envolvida em relacionamentos incestuosos, prostitutas. De fato, somos lembrados de que até os ancestrais de Jesus mais proeminentes e do sexo masculino — Judá e Davi — foram fracassos morais. Temos também forasteiros culturais, de raça e de gênero. A Lei mosaica excluía essas pessoas da presença de Deus e, no entanto, elas são todas publicamente reconhecidas como ancestrais de Jesus.

O que isso significa? Primeiro, mostra que as pessoas excluídas por questões culturais, excluídas pela sociedade respeitável e excluídas até pela Lei de Deus podem ser introduzidas na família de Jesus. Não importa sua estirpe, não importa o que você fez, não importa se você matou alguém. Se você se arrepender e crer nele, a graça de Jesus Cristo é suficiente para cobrir seu pecado e uni-lo a ele. Na antiguidade, havia o conceito de "impureza cerimoniar. Se quisesse permanecer santo, ou respeitável, ou bom, você precisava evitar o contato com o profano.

Considerava-se que ser profano era "contagioso", por assim dizer, de modo que você tinha de se manter separado. Mas Jesus subverte isso. Sua santidade e bondade não podem ser contaminadas pelo contato conosco. Em vez disso, sua santidade nos contamina por nosso contato com ele. Achegue-se a ele, independentemente de quem você é e do que fez, não importa o quanto esteja moralmente maculado, e ele pode deixá-lo puro como a neve (Is 1.18).

No entanto, veja o caso do rei Davi. Ele tinha todas as credenciais de poder do mundo — era um homem, não uma mulher; era judeu, não um gentio; era da realeza, não da classe pobre. Contudo, como Mateus nos mostra, ele também só pode participar da família de Jesus pela graça. Seus feitos perversos eram piores do que qualquer coisa praticada pelas mulheres dessa história. No entanto, ali está ele. Não foram incluídas as pessoas boas e deixadas as pessoas más de fora. Todas estão incluídas só pela graça de Jesus Cristo. Só o que Jesus fez por você pode lhe conferir uma posição diante de Deus.

Não há ninguém, então, nem mesmo o ser humano mais maravilhoso, que não necessite da graça de Jesus Cristo. E não há ninguém, nem O pior ser humano, que possa deixar de receber a graça de Jesus Cristo se houver arrependimento e fé.

Em Jesus Cristo, prostituta e rei, homem e mulher, judeu e gentio, uma raça e a outra raça também, os moralmente corretos e os imorais — todos ocupam lugar idêntico. São igualmente pecadores e perdidos, aceitos e amados. Na versão bíblica Almeida Século 21, o capítulo 1 de Mateus está repleto do tradicional verbo "gerar"— "Fulano gerou sicrano que gerou beltrano e assim por diante". Enfadonho? Não. A graça de Deus é de tal modo incisiva que até o "gerou" da Bíblia está impregnado da misericórdia divina.

Deus não se envergonha de nós, aqueles que nele crermos e em Seu filho, Jesus Cristo. Somos todos da sua família. Hebreus 2.11 diz: "... não se envergonha de chamá-los de irmãos".

Há outro aspecto nisso tudo. Todas as culturas incentivam seus integrantes a menosprezar determinados indivíduos, a fim de se autoafirmarem pela própria superioridade. Podem ser pessoas de outra raça ou classe. Talvez você menospreze os esnobes tão bem-educados ou os ignorantes sem educação alguma. Talvez despreze as pessoas cuja visão política você acredita estar destruindo o país. Em todos esses exemplos, ensinaram-no a ver algumas pessoas como impuras, inaceitáveis, profanas — ao mesmo tempo em que você é ótimo. Os valores de Jesus Cristo são radicalmente diferentes. O mundo valoriza estirpe, dinheiro, raça e classe. Jesus vira tudo isso de cabeça para baixo. Esse tipo de coisa, tão importante fora da igreja de Cristo, não deve ser levada para dentro dela. Em certo sentido, ele declara: "Na minha família, essas coisas tão valorizadas no mundo lá fora não devem ter tanta importância".


Trecho do livro O Natal Escondido (Vida Nova, 2017).


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...